sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ruric Thar

 

- Por que os guardas sempre parecem surpresos quando esmagamos eles? - perguntou Ruric.

- Eu acho que eles esperam receber propina ou algo assim. - respondeu Thar.

Ruric desviou uma salva de flechas flamejantes com seu enorme punho.

- Você disse que isso seria fácil. - ele resmunga.

- Não, foi você quem disse isso. Você sempre diz que vai ser fácil. - Thar grunhiu com o esforço enquanto ele levantava uma carruagem.

- Bom, esses caras não devem ter ouvido, porque eles estão lutando pra valer.

- É mesmo? Eu nem notei. Você tem um plano?

- Por que eu? Você sempre foi o preferido da mamãe! Ela ficava te contando histórias, cantando e tal. Os Antigos não tinham uma resposta pra tudo?

- Deixe a mamãe fora disso. De qualquer maneira, o Papai não te ensinou nenhum truque de batalha? Ou o Clã Scab não é tão durão assim como dizem?

Uma grande quantidade de dardos rebateu no peito enorme do ogro, um deles passando muito perto da cabeça da direita.

- Opa! Essa foi perto. Vamos esmagar tudo até sairmos daqui - mencionou Ruric.

- Ah, claro, essa é sua resposta para tudo. Nós precisamos de uma estratégia.

- Oh, que palavra enorme. Foi a mãe que te ensinou?

Uma onda de infantaria blindada bateu contra a forma enorme de Ruric Thar com um estrondo. Por alguns momentos, o ar foi preenchido por sons de pancadas, gritos e respiração pesada. E após um momento estranhamente silencioso, uma única voz fez-se ouvir:

- Tem muitos desses caras de Boros para a gente passar por aqui.

- Nós podemos dar um jeito neles. Ou vai ficar com medinho?

- Alguém disse medinho?

- Você disse isso?

- Porque eu diria isso?

- Eu disse. Estou aqui.

Ruric e Thar olharam para um lado cada. E depois um das cabeças se virou para procurar atrás enquanto a outra olhou para baixo.

- Ei! Tem um pequeninho atrás de nós! O que você está fazendo ai, baixinho? - perguntou Thar.

- Se escondendo da gente, é? Nós vamos te transformar em geléia! - berrou Ruric.

- Vocês têm geléia também? Talvez a gente possa fazer um acordo! - gritou o goblin esfarrapado. Alguns pedaços de metal amassado e queimado estavam presos a seu corpo maltratado.

- Um ratinho como você? O que você consegue fazer que a gente não possa fazer melhor? - Ruric gargalhou, jogando longe outra onda de infantaria com sua enorme mão-machado.

- Eu posso ser pequeno, mas eu tenho grandes idéias. Grandíssimas! - o goblin inflou seu peito magrelo e cuspiu uma bola de sangue - De qualquer maneira não parece que vocês estejam vencendo.

Thar sorriu.

- E você está? Que tipos de planos de batalha ratos de esgoto conseguem criar? Superar o inimigo com seu fedor?

- Engraçado, - disse o goblin - Mas posso provar que eu sei das coisas. Muito mais do que vocês, eu aposto.

- É mesmo? - bufou Ruric - Então porque você está aqui ao invés de estar enriquecendo na cidade?

- Cale a boca - disse Thar, socando um par de cães de guerra e ouvindo ganidos ecoarem pelo salão - Talvez essa criaturinha possa ajudar.

- Sim, isso mesmo! Vocês tinham que ter mais respeito. Além do mais fomos nós, os Izzet, que descobrimos o Labirinto. - o goblin cruzou os braços, parecendo tão formidável, quanto um goblin verde, magro, de 1,20m conseguiria parecer.

- Então você é o corredor do labirinto deles?

O goblin se encolheu um pouco e disse:

- Eles escolheram outra pessoa... - então levantou o olhar desafiadoramente - Mas eu conseguirei encontrar o caminho melhor do que qualquer um. Eu só estou um pouco... preso por aqui.

- Você precisa que a gente te ajude a sair. Certo! E o que ganhamos com isso? - Ruric perguntou, enquanto derrubava um ataque de aerojeks, marcando a parede próxima com rabiscos sangrentos.

- Squelch é meu nome. Eu estava testando minha última invenção, - o goblin apontou um dedo para um das maiores chapas de metal, a qual batia contra as pedras no chão balançando gentilmente - E estava funcionado perfeitamente! Eu só tive um problema na aterrissagem.

- Mas, como que isso deveria nos ajudar? - Thar curvou os lábios. A expressão era difícil de discernir em sua face disforme e cheia de cicatrizes.

- Opa, irmão! O que é aquilo que eles estão arrastando agora? - Ruric sacudiu sua enorme cabeça em direção das linhas dos Boros.

- Droga! É uma balista!

- Uma bali-o que?

- Uma mÁquina de guerra que dispara grandes lanças! - disse Thar. - Grandes como árvores!

- Eu não tenho medo de árvores.

- Bem, essas árvores mordem. Nós temos que parar aquilo, antes que ela pare a gente.

- Eu tenho justamente o que precisam, grandalhões! - gabou-se o goblin. - Eu ajudo vocês e depois vocês me ajudam. Que dizem? Temos um acordo?

Ruric e Thar gargalharam juntos, em alto e bom som.

- Claro, nós seremos eternamente gratos por... — Thar começou — Você salvar nossa pele - terminou Ruric.

- Vocês tem que me fazer um favor em troca. Qualquer coisa que eu peça. Mais uma galinha. Não, duas. Ok?

- Claro, claro, vá nessa e use sua poderosa mágica goblin.

O pequeno Izzet cuspiu em sua palma e esfregou suas mãos esqueléticas. "Apenas observem", mencionou ele.

Squelch correu pelo meio das grandes pernas do ogro e sob os escudos dos batalhões de soldados que se aproximavam para combater Ruric Thar. Escalando uma parede que havia desmoronado, Squelch se jogou nas costas de uma besta de guerra blindada. Então, o goblin puxou um pedaço pontudo de metal de um bolso escondido e enfiou no topo da cabeça da besta antes de pular longe.

Faíscas voaram. A besta tropeçou, urrando e depois mirando contra seu companheiro da Legião Boros. Mais lamúrios foram ouvidos, juntos dos sons de madeira quebrando e de metal raspando em metal. Soldados humanos fugiam enquanto os behemoths saiam de suas linhas, atropelavam tudo pelo caminho e desapareciam pelos becos.

A gigantesca máquina de guerra começou a virar com uma leveza estranha, gentilmente virando para seu lado. Varias rodas viraram vagarosamente e rangendo. Vários segundos se passaram. Então toda a estrutura explodiu em uma enorme bola de fogo.

- Como isso aconteceu? - exclamou Thar, apertando os olhos.

- Quem liga? - berrou Ruric. - Vamos nessa!

O enorme ogro foi em direção ao portão de guilda do salão, atropelando os escombros flamejantes e os corpos em armaduras jogados pelo chão.

- Para onde a criaturinha foi? - Ruric virou sua cabeça até que suas presas batessem nas costas da cabeça de Thar.

- Aqui! - veio uma voz de trás. O goblin escalou os ombros do ogro, entre as duas cabeças e segurou uma das presas de Ruric para se equilibrar - Te falei que eu conseguia dar um jeito!

- Ei! Solta! - rugiu Ruric, sacudindo-se violentamente.

O goblin guinchou, mas se segurou firme.

- Nós tínhamos um acordou. Vocês prometeram!

- Sim - disse Thar - E você fez sua parte. Agora nós podemos sair por esse portão. Você também, se quiser.

- Claro! Mas isso não conta como meu favor. Vocês vão fazer isso de graça. E ainda me devem uma.

- Sim, Sim - as duas cabeças falaram juntas.

Algum tempo depois...

- Onde nós vamos encontrar uma galinha por aqui? - Ruric resmungou.

- Com esses quantos já temos?

- Vamos ver... - Ruric estava contando em seus dedos carnudos. - Três... mais, hmm, dois?... e mais um.

Ele ergueu sua mão-machado.

- Então são oito?

- Alguma coisa parecida com isso.

- Seis! - uma voz esganiçada respondeu de trás do ogro.

- A gente tem que acertar o correto.

- O que a gente faz então?

- A mesma coisa que a gente sempre faz.

- Esmagaaaar! E pegar as coisinhas boas! - Ruric fez um movimento de bater.

- Isso é muito divertido, caras! - Squelch comemorou de sua nova cesta de transporte, que estava amarrada sobre as costas do ogro - Nós vamos ganhar de todos os outros corredores!

- Até quando nós vamos ter que carregar essa coisa? - reclamou Ruric.

- Somente até a gente ganhar. - respondeu Thar.

- Então pessoal, eu estava pensando... vocês poderiam fazer algumas melhorias nesse machado. Eu tive algumas idéias. Movimento de corte automático. Talvez algumas cabeças diferentes...

- Não preste atenção nele. Talvez ele se canse e vá embora sozinho. - falou Thar discretamente para Ruric.

Ruric Thar seguiu seu caminho.

- Nós formamos uma bela equipe, não é verdade pessoal? Não é? Hein? Amigos?


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