sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mirrodin


Mirrodin é um plano artificial feito totalmente de metal. Árvores espinhosas de cobre formam florestas artificiais, bem como grandes estruturas de ferro e ferrugem formam montanhas e as pontas de grama que cobrem as planícies são, literalmente, lâminas pontiagudas. Cinco sóis brilhantes irradiam sua luz sobre o mundo abaixo, um para cada cor de mana.

Há tempos atrás, o plano metálico foi criado por Karn, que povoou seu plano com golens criados à sua imagem e também construiu uma entidade denominada Memnarca para vigiar seu plano enquanto ele explorava o Multiverso. Nesta época, o plano era chamado de Argentum.

Mas algo deu errado. Karn involuntariamente introduziu uma doença contagiosa sombria em seu próprio mundo: o óleo phyrexiano. Durante o passar dos séculos, o óleo assumiu o controle de Memnarca, tornando-o paranóico e enfurecido. Ele sentia-se abandonado pelo seu criador e decidiu assumir o controle do mundo, alterando o nome para Mirrodin e se auto-proclamando seu soberano.

Assim, Memnarca começou a trabalhar na transformação de Argentum em Mirrodin. Ele adicionou características, como o Emaranhado (florestas), os Campos Cortantes (planícies), o Mar de Mercúrio (ilhas), Mefidross (pântanos) e as Montanhas de Óxida (montanhas) para servirem de residência para os futuros habitantes deste plano. Depois, quando o plano já estava apto a receber a presença de organismos vivos, os primeiros problemas surgiram. Enquanto ele estava ocupado criando os lugares, uma espécie praga chamada Treliça Micossintetizadora apareceu no seu mundo, oriunda do óleo phyrexiano, transformando metal em carne e carne em metal. Memnarca tentou lidar com a ameaça criando uma raça de poderosos golens para combater a praga, mas não teve sucesso em erradicá-la completamente.

Para soprar vida no seu plano morto, Memnarca construiu as Armadilhas de Alma, que eram engenhosos mecanismos que aprisionam almas e corpos de criaturas vivas. O soberano enviou esses mecanismos através dos planos, trazendo uma grande variedade de criaturas para seu mundo. Foi através deste sistema que as raças humanas dos Auriok, Neurok, Moriok, Vulshok e Sylvok chegaram a Mirrodin, assim como as mais diversas raças não-humanas (Vedalkeanos, Loxodontes, Elfos, Leoninos, Trolls, Ogres, Lobos e Goblins). À medida que as criaturas chegavam ao plano, a Treliça Micossintetizadora mudava suas formas para melhor se adaptarem aos novos ambientes.

Primeiramente, Memnarca prestou muita atenção aos seus estilos de vida, cuidadosamente gravando seus rituais, hábitos e comportamentos. Ele estava satisfeito por ter obtido sucesso em transformar Mirrodin num ecossistema artificial capaz de suportar vida orgânica. Porém, a mente esquizofrênica de Memnarca funcionou como um tipo de magia, impedindo que outros planinautas (até mesmo o próprio Karn) entrassem em Mirrodin. Em outras palavras, as ilusões de Memnarca suplantaram em parte a realidade.

A elfa Glissa foi o primeiro ser a nascer com a centelha de planinauta em Mirrodin, além de ser responsável por revelar que o núcleo do mundo era ôco e que existia um tirano habitando em seu interior. Através de sua própria astúcia e da ajuda de seus aliados, Glissa derrotou Memnarca. Os capturadores de alma foram destruídos e as primeiras gerações de mirranianos desapareceram instantaneamente, retornando aos planos de onde foram arrancados. Dessa forma, a população remanescente era composta apenas pelos seres que haviam nascido de fato em Mirrodin.
 
Com o fim do guardião ensandecido, Karn pôde voltar ao seu plano e restaurar a ordem. Enquanto isso, a vida continuou na superfície e os mirranianos tentaram retomar suas vidas. Mas espalhado pelo núcleo do plano, o contágio phyrexiano continuava a crescer lentamente. O óleo espalhara-se secretamente e criaturas macabras surgiram decorrentes de sua influência.

Phyrexia não invadiu Mirrodin; a civilização phyrexiana em Mirrodin se desenvolveu da corrupção existente em Karn, o golem prateado com coração maculado pela substância phyrexiana. Ainda que Phyrexia possa ter guardado uma tênue “memória” sobre suas formas em outros mundos, a vida em Mirrodin teve de crescer e adaptar suas estruturas e instituições. Assim, não se tratou apenas de uma guerra pelo controle daquele mundo, mas sim de uma espécie de "assimilação". Assim, Mirrodin torna-se Nova Phyrexia e passa a ser regida pelas Facções Phyrexianas.

A ascensão da Nova Phyrexia se iniciou em Ish Sah, o epicentro do Mefidross e reduto do mana preto no plano. Muitas criaturas nativas da área pantanosa já foram phyrexianas, talvez até mesmo durante a época em que o Memnarca governava. Acredita-se que os nim e murioques (espécies de zumbis locais) serviram como base para a propagação da corrupção phyrexiana.

A cabeça morta-viva do murioque, outrora conhecido como Geth, protegia o segredo da ameaça phyrexiana debaixo do mundo e por sua cumplicidade na invasão, ele foi recompensado com um novo corpo. Desde então, ele mantém com unhas e dentes sua posição na Câmara dos Sussurros, derrotando desafiantes com uma mistura de poder, sabedoria e subterfúgio. A arma mais poderosa de Geth é a influência que ele consegue exercer através da quebra de acordos e alianças, seja para si ou para os outros. Usando contratos mágicos, ele força seus inimigos a aceitarem seus termos ou serem seus escravos para sempre.

Um gigantesco domo cromado existe onde há uma grande superfície oleosa, conhecida anteriormente como o Mar de Mercúrio, localiza-se a uma boa distância de Lumengrid e comporta diversas instalações phyrexianas. A maioria dos visitantes são levados de balsa até o local por andadores aranha gigantes que caarregam seus passageiros sobre pernas cromadas a centenas de metros acima da superfície do mar.

Durante o desenrolar da assimilação, as máquinas phyrexianas começaram a bombear quantidades inimagináveis de óleo reluzente no Mar do Mercúrio, para propagar sua infecção. O óleo do mar consegue transformar carne em metal e vice versa com velocidade alarmante. Qualquer ser não phyrexiano desafortunado o bastante para ser jogado neste fluido seria rapidamente decomposto e reprocessado em matéria prima para a corrupção phyrexiana.

Enquanto Phyrexia reconheceu rapidamente o potencial inerente da inteligência dos vedalkeanos, os neuroques foram dispensados por serem considerados menos úteis. A maioria foi drenada, tendo seu soro extraído e arremessada nos mares repletos de óleo para serem reaproveitados como matéria bruta. Muitos dos que permaneceram foram anexados às fileiras phyrexianas. Alguns servem efetivamente como assistentes de laboratório, carregando implementos e corpos por todos os túneis sinuosos dos salões labirínticos de Lumengrid. Alguns foram selecionados para doarem seus corpos para novas formas de vida phyrexiana. A cabeça de um hospedeiro é removida, mas sua vida e consciência são preservadas. Então o hospedeiro é “infectado” por uma nova forma de vida, que usa seu corpo para se alimentar e se propagar. Após a infecção seguir seu curso, a consciência do novo organismo assume o controle do corpo e a transformação está completa.

Aninhadas no coração do núcleo de Mirrodin estão as ruínas do antigo centro de comando do Menarca, chamado Panóptico. Lá, Karn, ainda confuso e delirante, senta-se em um trono criado para lhe conceder acesso a todos os pensamentos combinados de Phyrexia, bem como da mana e do poder, além de sua inabilidade de processar o fluxo de informação aumenta proporcionalmente aos seus delírios.

Apesar da aparência do Emaranhado ter sido alterada pela presença dos phyrexianos, as estruturas básicas são as mesmas. A floresta é uma área densa de “árvores” majestosas, feitas de cobre e verdete que se parece com galhos e vegetação. Vinhas de metal se espalham por entre as árvores.

As lâminas (porções de vegetação esverdeadas e com carne, semelhante aos fungos) tomaram completamente o solo do Emaranhado, que é a área florestal mais afetada. Algumas áreas estão parecidas com pântanos agora, como se o Mefidross tivesse transbordado. Em toda a parte, o chão tornou-se esponjoso e lamacento conforme a lâmina contamina o solo de metal e atinge a copa das árvores. O solo verte uma substância como pus amarelado, que exala um fedor enjoativo de frutas podres. Somente as feras maiores conseguem perambular pelo chão apodrecido do Emaranhado. O restante das criaturas nativas da floresta devem se adaptar para viver dentro dela e se locomoverem de galho em galho.

Após o ataque inicial contra a superfície, grande parte da liderança phyrexiana considerou o Emaranhado como uma terra improdutiva e inútil, se comparada ao restante de Mirrodin. Eles erroneamente acreditavam que os elfos e os silvoques seriam completamente convertidos e que as feras nativas de Mirrodin serviriam como bucha de canhão para Phyrexia.

Na maior parte do Emaranhado, as áreas mais elevadas não foram afetadas ainda e é apenas uma questão de tempo até que tudo tenha sido consumido. A exceção à regra é o Jardim Cambree, localizado no topo de uma árvore gigantesca, próximo de onde ficava Tel-Jilad. O Jardim Cambree tornou-se o quartel general de Glissa e de seus lacaios. É de lá que ela facilita a grande obra de Phyrexia ao encorajar a natureza a seguir seu curso. Os mais fortes emergirão como dominantes, ela insiste. A seleção natural determinará a forma da Nova Phyrexia sem o perigo da estagnação e da adulação irritante quanto à memória de Yawgmoth.

Os predadores mais fortes criaram um espaço para viver no Emaranhado e combatem uns aos outros por supremacia. Da maneira tipicamente phyrexiana, o instinto predatório permanece, mesmo que a necessidade do sustento já não mais exista. A ação do predador é o objetivo em si.

Conforme a influência ortodoxa de Phyrexia se espalha, ela não transforma apenas as coisas vivas em sua natureza. Ela também estabelece Anexos, edifícios convertidos para a prática religiosa phyrexiana, incorporando espaços de vivência e entrepostos mirranianos em superestruturas phyrexianas. Alguns Anexos são encontrados no núcleo de Mirrodin, grandes catedrais de arquitetura saída de pesadelos que atendem aos fervorosos das profundezas.

Nas profundezas da Camada de Fundição escondem-se vários entrepostos rebeldes: uma célula de resistência mirraniana. Guerreiros repelem phyrexianos hostis, enquanto saqueadores atacam a superfície e trazem contrabando de comida para seus acampamentos. Alguns phyrexianos estranhamente tolerantes fingem não saberem sobre os entrepostos, uma condição temporária, e bem-vinda, que permite a existência das células rebeldes até o momento.

Os Campos de Navalha foram tomados rapidamente por Phyrexia, desestabilizando as alcatéias de leões e isolando os loxodontes. A última maior fortaleza dos Campos de Navalha que ainda resiste à integração phyrexiana é a comunidade Aurioque do Forte da Lâmina.  Os refugiados sabem de um caminho efetivo, e perigoso, que leva até os fortes da resistência na Camada de Fundição. Usando uma magia poderosa, os loxodontes criaram um tipo de círculo mágico na plantação de grama-lâmina. Dessa forma, a passagem ativa somente quando o sol branco estiver a pino, permitindo a viagem até os entrepostos de fugitivos. O perigo de Phyrexia descobrir a entrada é iminente e a passagem precisa de manutenção constante, para impedir que os tentáculos de micossinte não a fechem novamente. Mas para muitos no Forte da Lâmina e por toda a área dos Campos de Navalha, é a única chance de sobrevivência.
 
Assolados por impulsos e hesitações desconhecidas e sem saber como lidar com elas, os phyrexianos da Camada da Fornalha mantiveram-se fiéis às suas funções: manter o fogo das fornalhas aceso, incinerar os mortos e os organismos falhos, reprocessar os metais dos mirranianos derrotados e transformar a matéria em matéria bruta para novos phyrexianos e novas áreas na Camada do plano. Esta aceitação ao trabalho concedeu aos confusos phyrexianos um ínfimo pingo de certeza diante da dissidência subconsciente contra o desrespeito phyrexiano pelos seres individuais.
 
O número de sobreviventes mirranianos tentando viver na Camada da Fornalha é pequeno e o número dos que ainda não foram infectados pela corrupção phyrexiana é ainda menor. Os que se encontram nos estágios intermediários de infecção provavelmente irão morrer, mas são cuidados pelos que estão menos doentes. Os que se encontram nos estágios iniciais de infecção vivem com a esperança de serem colocados nas fileiras dos Incorruptíveis antes que seja tarde demais.
 
Bocarra é o nome do maior dos acampamentos, situado próximo da Grande Fornalha. É um local cobiçado, pois é considerado o mais seguro por ser o mais distante da outra lacuna (por onde os Phyrexianos passam regularmente). O local recebeu seu nome por estar situado dentro de uma grande criatura que já foi uma “fornalha viva” — uma carcaça que os phyrexianos nitidamente não querem reciclar. Por causa desse abrigo substancial do ambiente vizinho, o acampamento está mais preparado e protegido do que os outros.

 

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