Pântano Sombrio (Shadowmoor) é um plano que vive um crepúsculo eterno, onde o sol nunca nasce e estranhas luzes emanam de fontes invisíveis. Este plano é o próprio mundo Lorwyn, mas sua aparência anterior de um idílico verão agora está aprisionada num estado de sombria escuridão crepuscular. De tal foma que, as criaturas que antes lutavam por territórios e propriedades passaram a confrontar uma eterna batalha entre a vida e a morte, lutando pela sua própria sobrevivência.
O mundo agora é conhecido por todos pelo seu novo nome: Pântano Sombrio.
O sol abandonou o mundo. Como conseqüência da Aurora, as outrora alegres raças do plano assumiram novas personalidades e seus valores foram distorcidos pelas sombras. A Aurora também despertou novas ameaças, seres que, durante os tempos mais ensolarados, hibernavam em seus refúgios. Espíritos lamuriantes, esquisitices diabólicas, espantalhos em fuga e enormes monstros lendários agora perambulam livremente pelo plano. Pântano Sombrio tornou-se o território de semideuses, manifestações de forças sombrias adormecidas desde a última Grande Aurora.
O mundo de Pântano Sombrio tem uma assustadora semelhança com a ensolarada Lorwyn, mas devido à magia da Aurora, a maioria de seus habitantes acredita que Pântano Sombrio seja o único mundo que já existiu. Somente Brigite (Brigid, Hero of Kinsbaile) e Maralen (Maralen of the Mornsong), que estão entre os poucos que sobreviveram à Aurora com suas memórias intactas, são capazes de refletir sobre a mudança. Brigite reconhece a cidade de Kinscaer, mas ela a conhecera por um outro nome. Maralen reconhece o terreno da Floresta de Folha Seca, embora suas memórias sejam de um outro local. A gigante louca Rosheen Logorréia (Rosheen Meanderer) foi uma das poucas pessoas que profetizaram a Grande Aurora, mas ninguém poderia dar crédito aos seus resmungos ininteligíveis.
A penumbra permanente de Pântano Sombrio trouxe à tona uma nova faceta maligna em suas raças. Os papões, de travessos arruaceiros, transformaram-se em selvagens perversos. Os gigantes transformaram-se em brutamontes animalescos e insensíveis. Os sirenídeos, outrora eloqüentes negociadores do sistema fluvial, tornaram-se gananciosos assassinos.
Os kithkin, que antes viviam num clima de comunidade e cooperação, tornam-se solitários e xenófobos em Pântano Sombrio. Eles vivem dentro de cidades muradas, afugentam os estranhos e atacam aqueles que chegam perto demais. Os outrora eloqüentes sirenídeos são assassinos e sabotadores em Pântano Sombrio. Eles usam suas vias fluviais para mover-se rapidamente de uma vítima à outra, sempre prontos para afogar e saquear os seres terrestres. Do mesmo modo, os papões, antes travessos e hedonistas, são violentos e belicosos em Pântano Sombrio. Seus interesses passaram da curiosidade à pilhagem e de roubar tortas a roubar bebês.
Os maiores habitantes do mundo, os gigantes e os ents, também sofreram alterações. Os ents de Pântano Sombrio são criaturas enegrecidas, doentias e assassinas. E quando despertam de sua longa hibernação, os gigantes são terríveis seres enfurecidos que carregam enormes pedaços de terra com seus corpos.
A transformação dos flamíneos talvez seja a mais dramática — e trágica. Seu fogo, que um dia ardeu intensamente, foi extinto, e eles foram reduzidos aos seres esqueléticos e fumegantes chamados cinzeríneos. Em Lorwyn, eles buscavam uma transcendência emocional, mas em Pântano Sombrio eles buscam apenas satisfazer sua malevolência e sua necessidade de vingança.
Os soberbos e orgulhosos elfos de Lorwyn tornaram-se figuras humildes mas heróicas em Pântano Sombrio. Enquanto os elfos de Lorwyn julgavam e subjugavam os outros, os elfos de Pântano Sombrio são a última esperança do mundo — caçadores e protetores da beleza e da luz num lugar escuro e feio. Alguns sobreviveram à Aurora com suas identidades intactas, mas outros mudaram completamente. Rhys (Rhys the Redeemed), por exemplo, tornou-se um elfo dedicado à preservação das cada vez mais raras fontes de beleza de Pântano Sombrio. Antes um renegado desfigurado, ele agora está redimido e inteiro novamente, com exceção de suas memórias de Lorwyn.
Somente uma raça e um lugar permanecem inalterados quando a Grande Aurora transforma Lorwyn em Pântano Sombrio: as fadas e seu lar, o Vale de Elendra. As fadinas são o fulcro deste plano em transformação, pois foi sua rainha, Oona (Oona Queen of the Fae), quem criou a Aurora afim de obter mais influência e controle sobre o mundo. A partir de seu vale secreto, ela teceu uma teia de inúmeras mágicas poderosas que lhe dariam mais poder sobre Lorwyn. Mas conforme os feitiços de Oona sobre o plano se tornavam mais complexos, o mundo entrava em desequilíbrio. A própria natureza dos habitantes, objetos e lugares do plano começaram a despedaçar-se, desenvolvendo existências duplas do tipo "o médico e o monstro".
Em vez de arriscar perder seu poder sobre Lorwyn, Oona criou glamires ainda mais poderosos para estabilizar o plano. Com o passar do tempo, ela atingiu seu objetivo. As estações instáveis de Lorwyn transformaram-se em intervalos regulares de verões longos, quentes e ensolarados e outonos longos, escuros e assustadores. Mas tudo isso custou muito caro ao plano. Em primeiro lugar, cada intervalo passou a ter uma duração de quase três séculos. E em segundo lugar, a cada mudança de Lorwyn para Pântano Sombrio, os habitantes do plano perdem qualquer consciência de sua existência anterior.
Depois que a escuridão caiu sobre o plano, apenas uma das raças de Pântano Sombrio atravessou a Aurora com sua personalidade intacta. As fadinas continuam sendo as mesmas criaturinhas petulantes e frívolas de antes, seguindo seus impulsos ora por pura diversão, ora por simples crueldade caprichosa. Se as raças do plano estivessem numa gangorra, balançando para frente e para trás enquanto o sol e a lua dançam no firmamento, as fadinas seriam seu sustentáculo, praticamente imutáveis, enquanto todo o resto se move ao seu redor. (Por sua vez, os elfos foram os que mais mudaram, transformando-se de vilões tirânicos do plano nos únicos defensores de sua luz.)
Esta função de sustentáculo do plano dá uma idéia do poder secreto que há por trás das fadinas. O glamir das fadas não serve somente para fazer truques ou feitiços sonolentos — ele envolve Glen Elendra (Glen Elendra Archmage) num manto de mistério e revigora forças profundas do próprio plano. As fadinas continuam com seu tráfico de segredos e rumores, destilando sonhos das outras criaturas como abelhas que carregam pólen, mas agora o verdadeiro propósito de suas atividades tornou-se claro. A própria rainha usa esses sonhos para vigiar todo o plano — o seu plano.
Ao ouvir as esperanças e os medos de cada habitante do mundo, alimentando-se do amor e das desaventuras de milhares de corações, Oona, a rainha das fadas, faz sua polinização com os sonhos de sua soberania. Em troca, ela floresce com mais da sua espécie, inundando com cada vez mais fadas as horas da noite sem fim. O coração de Oona é o pulso de Pântano Sombrio, e seus humores são suas estações. E por fim, como todos os heróis logo descobrirão, seu reino é absoluto. Quem estiver em busca de mudança, deverá prostrar-se diante dela, e quem ousar desafiá-la, deverá prepara-se para morrer.
Quando os contadores de histórias de outros planos narram seus contos macabros, trata-se apenas de uma noite divertida de sustos e arrepios em torno de uma fogueira. Em Pântano Sombrio, os contos macabros são reais. O barrete vermelho (Murderous Redcap), um bicho-papão de olhos arregalados das terras desfiguradas que circundam a região conhecida como Pântano das Cinzas, espalha maldade por onde quer que passe. Embora de longe ele lembre um pequeno gnomo com um gorro vermelho, poucos se aproximam o bastante para descobrir a aterrorizante verdade — e apenas alguns escapam para contar a lenda do barrete vermelho.
Fantasmas de vários tipos vagam por Pântano Sombrio, acorrentados a ele pelo seu arrependimento ou pelas circunstâncias hediondas de sua morte. Os espíritos da água conhecidos como korrigans espreitam nas vizinhanças das fontes de água em que se afogaram, como um lembrete sinistro dos perigos ocultos. O grito das banshees rasga a carne com a mesma facilidade que o silêncio da noite. E os espíritos de criaturas simples, de papões e gigantes a cisnes e mariposas, agarram-se ao plano sem nenhuma esperança de paz.
Outros contos falam dos espantalhos, conglomerados ambulantes de detritos, ossos e galhos enfeitiçados de ents mortos. Eles correm sacolejando pelo plano e seus movimentos são um escárnio explícito às tarefas para as quais um dia foram criados por um espantalheiro kithkin. Kelpies, pucas, selkies e outros seres das trevas preenchem as outras lendas, uma mais horripilante que a outra. Em Pântano Sombrio, as lendas não são contadas por narradores geniais ao redor de uma fogueira, mas por suas pálidas e ofegantes vítimas depois que a porta se fecha.
Por fim, o plano cuja identidade trocou o dia pela noite, o idílico pelo sinistro, finalmente encontrará seu destino, conforme as duas forças mais poderosas do plano entrarão em colisão, e o vencedor determinará o final do conto das fadas. Os contos são os fios que compõem a teia da lúgubre história de Pântano Sombrio. As vidas de seus habitantes tecem fábulas premonitórias atentamente observadas pelos planinautas. Os triunfos dos elfos e de outros seres que buscam a luz são meras notas de rodapé num conto longo e sombrio com mais antagonistas que heróis.
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