Enterrado por séculos sob a vegetação exuberante, algo adormece no Vale do Ancião. O local é protegido e constantemente observado pelos Elfos Cylianos. Eles acreditam estar protegendo o sono do deus-hidra Progenitus, que está descansando profundamente abaixo do solo da selva devido a magias esquecidas. Existem três fendas no chão da floresta que esporadicamente emanam um vapor que os cylianos afirmam ser a respiração lenta e compassada da divindade adormecida. Muitos elfos dedicam sua vida ao entendimento da vontade desse deus e fazem de tudo para mantê-lo em paz, pois eles acreditam que Progenitus é tanto a origem quanto a sustentação da vida em Naya. Porém, ele deve ser mantido em seu sono pacífico para não evitar o início de um cataclisma. Mesmo assim, apesar dos esforços dos elfos, os cinco Fragmentos de Alara começam a se juntar novamente e as manas preta e azul, que não existiam mais, retornaram a fluir em Naya, fazendo com que a temida hidra apocalíptica desperte.
Até o início da Confluência, a maioria dos nayanos via a vida como uma celebração. Os recursos naturais eram abundantes, os conflitos eram raros e o prazer era um agradecimento pelas bênçãos de Progenitus. Entretanto, uma elfa em particular carregava uma responsabilidade pesada: Mayael. Uma jovem escolhida dentro da linhagem de druidas sacro-sensitivas que possuem uma conexão espiritual direta com as criaturas colossais chamadas gargantuas que caminham pelo plano. Dizem as lendas que tal conexão é uma capacidade de sentir a fragilidade do mundo de uma maneira que nenhuma outro ser vivente poderia entender. Os elfos cylianos acreditam que de tempos em tempos, uma druida em particular apresenta essa conexão de forma mais profunda e poderosa do que os demais. pois transcende a compreensão dos seres vivos e alcança a essência do próprio Progenitus. Dessa forma, para esta druida é concedido o título de Anima e que somente ela é capaz de interpretar a natureza inconstante da divindade adormecida.
Mayael acabara de sair da adolescência quando a Anima anterior a convocou ao Sacellum, um templo feito das árvores vivas da floresta. Perto da morte, a antiga Anima nomeou Mayael como sua sucessora e lhe transmitiu o conhecimento necessário para que ela pudesse liderar os elfos. Além disso, para se tornar uma Anima, Mayael teve que passar por um ritual chamado Visão da Coberta Branca, no qual os seus olhos se tornam brancos da cor de uma pérola impecável e completamente sem emoção. A visão normal, explicou a Anima, era um sentido imperfeito que apenas revelava a camada mais fina da realidade e logo Mayael ganharia a habilidade de enxergar a profundidade escondida sob a camada superficial do mundo. Após o ritual, ela conseguiu ler os sinais da floresta como se fossem profecias.
A Anima anterior não contara a Mayael, entretanto, que o ritual traria uma dor terrível. Enquanto sua visão desaparecia, a mente da elfa estava sendo preenchida com memórias de todas as Animas do passado, até chegar na primeira todas, uma jovem chamada Cylia. Mayael teve uma visão do início (ou seria o fim?) dos tempos, quando Progenitus era o mestre do mundo e andava livremente.
Progenitus possuía a essência de todas as cores de mana, sendo capaz de manipulá-las com grande facilidade. É dito também que ele se entediou e decidiu destruir o mundo espalhando caos através de poderosos efeitos cataclísmicos que conseguia produzir através do mana, desde terremotos até inundações. Quanto a Esfacelação começou e o plano de Alara foi partido em cinco fragmentos, uma jovem elfa chamada Cylia escalou até o cume de uma montanha, armada apenas com uma adaga feita de um espinho. Uma vez no topo, ela vislumbrou a face da Alma do Mundo.
Caindo no chão em súplica, Cylia implorou para que Progenitus não destruísse a vida do mundo devido ao seu descontentamento. Furioso com aquela petulância, Progenitus cegou Cylia e deu as costas. Com sangue de seus olhos mutilados escorrendo sobre seu corpo e a própria adaga, Cylia fechou seus sentidos para a destruição. Ela olhou para dentro de si, quase que em transe, e pôde ouvir cada nota da música da morte. Ela podia sentir os fios entrelaçados da vida, desde o terror dos outros elfos se escondendo na floresta até o batimento do coração da águia voando sem rumo no céu tempestuoso.
Cylia transitou pelas linhas invisíveis da vida criada pelas cinco cores do mana até achar uma conexão mística com Progenitus e, então, cravar sua adaga exatamente no coração etéreo daquela entidade. Com tal golpe, a essência divina de Progenitus se partiu e seu corpo terreno foi formado: uma hidra de cinco cabeças. Porém, duas de suas cabeças permaneciam paradas e murchas. Antes, Progenitus incorporava e controlava todas as cores de mana nele mesmo, mas em sua forma física a mana foi repartida, com cada cabeça personificando uma cor apenas. Ferido, Progenitus caiu sobre a terra devastada, onde permaneceria adormecido por milênios enquanto a vida selvagem surgia ao redor dele. Como o sangue de Cylia estava presente na adaga que feriu Progenitus, isso estabeleceu um vínculo entre a elfa e a hidra, que seria transmitido por gerações de outras Animas após ela.
Enquanto Progenitus permaneceu adormecido, manifestações dele caminha sobre a terra na forma de gargantuas (monstros titânicos que caminham na superfície de Naya). Os elfos acreditam que os gargantuas são a expressão da vontade da hidra e os veneram como seres semi-divinos. Elfos Cylian acreditam que não existem coincidências. O mundo é composto por camadas sobre camadas de significados e presságios (como uma tapeçaria de eventos entrelaçados), todos esperando para serem interpretados. Os gargantuans geralmente são uma força violenta, esmagando um acampamento humano ou alterando o curso de um rio com suas pegadas gigantescas. Seja destruindo ou criando, a vontade de Progenitus deve ser interpretada e considerada em ações futuras.
Embora a visão de Mayael ofereça profunda percepção, ela não foi capaz de ver além dos limites de Naya. Isolada dos outros fragmentos de plano, Mayael não sabia da convergência iminente. Quando os castelos de Bant e os poços de piche fervente invadiram seu paraíso verdejante, Mayael estava impotente para evitar. A paisagem de Naya, entretanto, não foi a única a ser surprendida pelo não familiar. As necrópolis de Grixis se chocaram com os vulcões de Jund, e as águas negras dos mares Esper vazaram para os campos e prados de Bant. Em cada plano, choque e medo rapidamente se transformaram em hostilidade, enquanto Mayael partia com seu exército de elfos e gargantuas para tentar proteger fronteiras que não mais existiam.
Cada Fragmentos de Alara possuía apenas três cores de mana e uma vez que todos eles se reestruturam novamente em apenas um mundo, os habitantes foram expostos a novas mágicas estranhas e cores de mana que ninguém havia visto antes. Com a intrusão de nova mana, magos começaram a lançar feitiços diversos e poderosos, canalizando o caos da situação.
Em Naya, enquanto a mana preta de Jund e a mana azul de Bant adentravam novamente para o paraíso florestal, elas traziam consigo a energia mística necessária para que o deus-hidra despertasse. Quando pressentiu que suas visões estavam se tornando reais, Mayael correu para o Vale do Ancião e naquele exato momento a terra rachou, derrubando as árvores antigas e expelindo um gêiser de vapor fervente. Com sua tumba terrena agora aberta, Progenitus levantou-se até tocar o céu.
Com seu corpo físico restaurado, a Alma do Mundo estava mais uma vez dominando o horizonte. A floresta tremia em sua presença e os elfos cylianos caíram de joelhos em terror enquanto a divindade se impunha por dentre as nuvens. Mas Mayael não a temia. Na verdade, ela percebeu que sua tarefa de Anima estava finalmente completa. No momento que Naya mais precisou dele, Progenitus ressurgiu de seu estado de torpor. Mayael compreendeu que o deus-hidra era como os próprios Fragmentos: incompleto e sem consciência de suas partes que faltavam. Embora ela acreditasse que Progenitus fosse afomentado pelo caos, por fim soube que aquela divindade era a própria essência de Alara: reunida, incontrolável e tomada de fúria. Mas não se tratava de uma fúria destrutiva... era apenas o desejo de defender o mundo com o qual sua vida está interligada.
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