Mikaeus Cecani foi o mais alto membro da hierarquia da Igreja de Avacyn, em Innistrad, abaixo apenas da própria Avacyn. Ele detinha o título de Lunarca, o posto mais alto que um ser humano pode alcançar dentro desta ordem eclesiástica. Assim como o arcanjo é o alvo principal da fé do povo, a sua Igreja é o ponto central da sociedade humana. Durante séculos, o poder da Igreja serve de guia e de proteção para Innistrad, mesmo tendo sido abalado durantes os últimos tempos de desespero que ocorreram neste plano.
Para tornar o mundo seguro, Avacyn criou um obelisco místico para confinar os demônios mais poderosos que não podiam ser mortos. Mas, o Helvault se tornou eventualmente a ruína do anjo. O mais antigo dos demônios, Griselbrand, desafiou Avacyn para um duelo. Ele próprio pousou com ousadia e hereticamente no Helvault, bem no centro do pátio da Catedral de Thraben. Anjo e demônio lutaram observados pelo Lunarca e os mais altos oficiais, uma batalha titânica por vários dias. Avacyn reuniu o restante de sua força e invocou a magia de selamento para enviar Griselbrand à prisão de prata e assim aprisioná-lo para sempre. Porém, Griselbrand enganou Avacyn, apunhalando-a no coração com sua lança e causando a reversão do feitiço. Tanto o perverso lorde demônio e como o ferido arcanjo, foram trancafiados no Helvault, mergulhando Innistrad em um tempo de trevas.
O papel e o propósito do Helvault eram conhecidos apenas pelo Lunarca Mikaeus e alguns de seus bispos mais confiáveis. Ele trabalhou com magias que pudessem romper a superfície de prata do Helvault, que potencialmente liberasse Avacyn. O Helvault continha o salvador do mundo, mas também continha Griselbrand e várias hordas de horrores inimagináveis que Avacyn ao longo dos anos, aprisionou. Se quebrasse o Helvault, Avacyn estaria livre, mas todos esses demônios também seriam lançados de volta ao mundo.
Pior que isso, o coração de Avacyn estava perfurado quando ela caiu dentro da prisão de prata. Dentro do interior atemporal do Helvault, a magia do artefato a deixava numa espécie de êxtase, que iria mantê-la viva quando de outra forma ela iria morrer por causa da ferida. Caso Mikaeus encontre uma maneira de romper o Helvault, ele pode se tornar um traidor de Griselbrand e deixar Avacyn ser destruída para sempre.
Foi tomada a decisão, diante da natureza dos acontecimentos que envolviam o gigantesco fragmento de prata, que tudo seria mantido em silêncio. Mikaeus nem sequer informou o capitão da guarda, Lothar, que o Anjo da Esperança estava preso dentro do santo obelisco, ele apenas disse a Lothar para protegê-lo com sua vida.
Porém, depois vieram as hordas dos mortos-vivos enviados pelos irmãos necromantes Geralf e Gisa. Eles promoveram um cerco à cidade de Thraben com seu exército macabro, cada um com a esperança de superar o outro em sua rivalidade entre irmãos loucos, enviando ondas de criaturas profanas à cidade santa. Mikaeus ainda acredita que a própria força dos homens pode resistir perante um ataque. Assim, ele ordena que a cidade se prepare para um cerco, pois as paredes irão se manter, com ou sem os poderes abençoados da Igreja.
Dezenas de civis e cátaros caíram em defesa de Thraben. Enquanto isso, Geralf se esgueirou antes do cerco e adentrou na Catedral. As mãos trêmulas do lunarca estão terminando de escrever um parágrafo em seu diário. Cansado e sem esperança do retorno de Avacyn, sua fé está extremamente abalada. Ele escuta uma batida em sua porta e, rezando por boas notícias, ele a abre. Surpreendentemente, que está ali é o próprio Geralf, com um punhal dourado em mão. O necromante sorri brevemente e mata o lunarca com um golpe certeiro. Regojizando em sua ascensão sombria, ele procura um jeito de notificar sua irmã do sucesso de sua empreitada.
Graças aos esforços da capitã da guarda, Thalia, o cerco foi contido mesmo após os portões principais terem sido derrubados. Parte da vitória ocorreu também dos desentendimentos entre Gisa e as proles zumbis criadas por seu irmão necromante. O bispo Alwin assumiu o comando temporariamente das atividades religiosas, ocultando o cadáver de Mikaeus e enviando os melhores inquisidores para resolver este pavoroso crime. O falecido lunarca foi selado em uma câmara secreta, sem nenhum tipo de rito cerimonial. A maior parte do cadáver foi recuperado, mas o coração não foi encontrado em lugar nenhum, pois Geralf o levou como presente para sua irmã.
A morte do Lunarca seria uma triste notícia para as quatro províncias e mais um outro duro golpe sobre a eficiência da Igreja. Então Mikaeus foi enterrado em segredo, levado às catacumbas clandestinas sob a catedral. E junto com ele foi enterrado o segredo da prisão de Avacyn dentro do Helvault. Ou assim teria ocorrido, se não fosse uma certa planinauta chamada Liliana, em sua ambiciosa busca pela eliminação de seus credores demoníacos, que cruzou o caminho de Geral enquanto este se retirava da batalha contra Thraben. Após obter a informação do paradeiro do Lunarca, ela adentrou secretamente no sepulcro onde Mikaeus repousava no Sono Sagrado. A feiticeira soprou vida antinatural para aquele corpo em decomposição, revivendo-o.
Compelido a servir Liliana, o corpo profanado de Mikaeus diz à necromante o que ela tanto anseia saber: que Griselbrand está preso no Helvault. Por fim, ela o deixa confinado na catacumba, como uma surpresa macabra para os membros da Igreja de Avacyn. Não se sabe o que ocorreu com o morto-vivo que um dia atendeu pelo nome de Mikaeus. Talvez os bispos tenham apenas eliminado sua existência em segredo, ou talvez ele ainda esteja vagando pela cripta sob a Igreja.
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