quinta-feira, 13 de março de 2014

Dourar


A carta Dourar traz uma referência à mitologia grega abordada de maneira diferente das demais. Óbviamente ela trata do famoso Rei Midas e seu poder de transforamr em outro tudo o que tocava. No entanto, ao invés de apresentar o personagem em questão, a carta representa o próprio toque dourado fatal como forma de remover criaturas do campo de batalha.
 
O folclore de Midas foi baseado em um rei de mesmo nome que realmente existiu na região de Frígia (onde atualmente se situa a Turquia). Certa vez Baco, deus do vinho, deu por falta de seu mestre e pai de criação, Sileno. O velho andara bebendo e, tendo perdido o caminho, foi encontrado por alguns camponeses que o levaram ao seu rei, Midas, que reconheceu e tratou-o com hospitalidade, conservando-o em sua companhia durante dez dias.
 
No décimo-primeiro dia, levou Sileno de volta e entregou-o são e salvo a seu pupilo. Baco ofereceu a Midas o direito de escolher a recompensa que desejasse, qualquer que fosse ela. O ganancioso rei pediu que tudo em que tocasse imediatamente fosse transformado em ouro. Baco consentiu, embora pesaroso por não ter ele feito uma escolha melhor.
 
Midas seguiu caminho, jubiloso com o poder recém-adquirido, que se apressou a pôr em prova. Mal acreditou nos próprios olhos quando viu um raminho que arrancara de um carvalho transformar-se em ouro em sua mão. Segurou uma pedra; ela mudou-se em ouro. Pegou um cálice de metal; virou ouro. Colheu um fruto da macieira; ter-se-ia dito que furtara do jardim das Hespérides.
 
Sua alegria não conheceu limite e, logo que chegou à casa, ordenou aos criados que servissem uma magnífica refeição. Porém, logo após sentar-se à mesa, constatou, horrorizado, que ao tocar o pão, este enrijecia em suas mãos; se levava comida à boca, seus dentes não conseguiam mastigá-la. Tomou um cálice de vinho, mas a bebida desceu-lhe pela boca como ouro derretido. Por fim, antes que pudesse fazer qualquer coisa, sua filha se encostou nele e ela se transformou em ouro também.
 
Consternado com essa aflição sem precedentes, Midas lutou para livrar-se daquele poder. Passou a detestar aquele dom. A morte por inanição parecia aguardá-lo. Mas, erguendo os braços, reluzentes de ouro, numa prece a Baco, implorando que o livrasse daquela destruição fulgurante. Baco, divindade benévola, ouviu e consentiu: "a agua corrente desfaz o toque", disse-lhe.
 
O rei Midas fez o que dissera o deus do vinho e, com a água do rio Pactolo, despejada através de um jarro, todos os objetos em que tocara foram banhados, restituindo-lhes a natureza original. Por fim, até mesmo sua própria filha recobrou-se e pôde ser novamente abraçada pelo pai.
 

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