Informalmente, existem alguns termos pelos quais as equipes de desenvolvimentos das cartas de Magic costumam chamar os tipos de jogadores existentes. Talvez você já tenha ouvido alguns deles, como por exemplo “Spike”, “Johnny” e “Timmy”, mas não tinha a mínima idéia do que se tratavam.
Embora tais termos aparentemente sejam meio estranhos, eles são utilizados há bastante tempo entre os desenvolvedores e, por esse motivo, acabaram caindo no conhecimento dos próprios jogadores, que passaram a utilizá-los também. Originalmente, uma coluna foi escrita no site da Wizards em 2002 a respeito do assunto e, mais tarde, outra foi feita em 2006. A diferença é que em 2006 foram adicionados subtipos para cada um dos estereótipos e definido um novo termo que não é tanto de jogador, mas sim de quem convive com as cartas. Apesar destas nomeclaturas não serem atualizadas desde 2006, os estereótipos não mudaram. O que descrevia um jogador Timmy há quatro anos atrás ainda continua descrevendo ele hoje, como você verá a seguir.
Então vamos à descrição de cada estereótipo (traduzido diretamente da coluna da Wizards pelo Teddy da Ligamagic):
TIMMY
A principal pergunta que é feita para cada perfil é: qual o motivo que leva esse perfil a jogar magic? O jogador Timmy quer experimentar as coisas. Ele gosta da sensação que ele tem quando joga. O tipo exato de sensação vária de Timmy para Timmy. Calma, ainda estamos falando de Magic! Apesar dessas sensações variarem, o que todos eles tem em comum é o prazer em jogar. Ele aprecia a sua jornada no jogo.
Um dos grandes mitos que se tem sobre esse tipo de jogador é que são em sua maioria jovens e inexperientes. Por que infernos ele joga com uma carta com custo absurdo ou essas cartas que fazem você jogar uma moeda se elas são um lixo? Simples: eles gostam de jogar com cartas que os deixam felizes; cartas que geram comentários divertidos; cartas que o fazem rir; cartas que fazem ele interagir mais com seus amigos. Ganhar ou perder não é o motivo pelo qual jogam (apesar de ganhar ser divertido, eles entendem que não é só isso). Eles jogam para ter se divertir.
Mas a diversão varia de jogador para jogador. Por isso cada perfil tem suas divisões.
Power Gamers
Um dos estereótipos dos Timmy é que eles adoram usar criaturas com poderes épicos e mágicas com efeitos mirabolantes e destruir tudo até a vitória. Essa não é a verdade para todos os Timmies, mas para esse grupo. Eles tentam consolidar poder com diversão. Para eles, Magic se resume em ver o máximo que ele pode atingir dentro do jogo. Qual a maior criatura que ele pode conjurar? Qual a maior quantidade de dano que ele consegue causar em um turno? Essa é a diversão deles!
Social Gamers
Alguns Timmies entram na onda social do jogo. Para eles, isso tudo é para interagir com seus amigos. Eles vêem esse jogo como algo divertido para se fazer numa noite de sábado, ou numa tarde de domingo, ou na hora do intervalo… Esse grupo tem uma tendencia maior para gostar de formatos multi-players, já que eles interesse em interagir cada vez mais com seu grupo.
Esse tipo de Timmy faz uma seleta escolha de cartas e decks que podem causar uma interação divertida entre os jogadores. De todos os tipos de Timmies, esse é o que mais gosta de ter fazer as regras da casa e ter sua própria lista de banidas e restritas. O motivo? Se o objetivo é passar uma tarde divertida com os amigos, porque deixar algumas cartas atrapalharem?
Diversity Gamers
Magic possui vários tipos de decks e formatos e é aí que esse grupo encontra a sua diversão. Essa categoria dos Timmies quer experimentar isso tudo. A diversão para ele é a constante exploração. Cada vez que ele joga ele quer experimentar algo diferente do que ele já experimentou (Sim, ainda é sobre Magic!). Sim, sim… as vezes ele volta a fazer algo que já fez, mas apenas para tomar folego antes de investir no grande desconhecido novamente.
Esse grupo de jogador geralmente usa cartas que ninguém usa. Não para provar que podem ser como os Johnnies, mas por estarem realmente interessados em saber se a carta pode ser divertida. O mesmo para decks e formatos. Cada cor, cada arquétipo, cada maneira de jogar é o que o atrai,
Adrenalin Gamers
A última classificação dos Timmies abraça a variedade do jogo. Eles jogam com cartas e decks que não tem um efeito certo. Para eles, a diversão está em ver as diferentes maneiras que algo pode acabar. Esse é o grupo, por exemplo, que adora cartas que fazem você jogar uma moeda e funciona diferente cada vez que você a joga.
Eles gostam de adaptar o imprevisível. Como resultado, eles são atraídos por decks e formatos que oferecem sempre um jogo completamente novo e diferente do anterior.
Uma rápida conclusão sobre o estereótipo do jogador Timmy: eles não são idiotas. Eles apenas escolhem suas cartas para seus próprios objetivos. Seria muito bom se depois dessa leitura, alguns jogadores admitissem que fazem parte desse estereótipo e não tenha vergonha disso. Qual é o problema em querer apenas se divertir?
JOHNNY
Ok, e qual o motivo dos Johnnies jogarem Magic? Eles querem expressar alguma coisa. Para esses jogadores, Magic dá para eles a oportunidade de mostrarem algo deles para o mundo. Assim, esse tipo de jogador se foca na customização do jogo. A construção de deck não é um aspecto dos Johnnies… é “O” aspecto!
Uma das coisa mais interessantes no Magic é que os jogadores podem colocar um pouco deles no jogo. Nesse jogo, o deck se torna uma parte do jogador. Quando o seu deck ganha, você ganha. Quando o seu deck é elogiado, você é elogiado. Esse é o princípio que rege sobre os Johnnies.
Assim como os Timmies, esse grupo tem várias divisões. A diferença entre elas é o foco, como eles procuram se expressar.
Combo Players
Esse tipo define o estereótipo Johnny. Eles ficam fascinados com as interações dos cards. Sua busca é para achar combinações que ninguém ainda notou. Procuram montar decks que vão impressionar qualquer um que ver ele. Por esse desejo, esse tipo de jogador é atraído por cartas que podem ter potencial. Eles gostam de achar cartas que podem trabalhar em torno delas.
Eles se diferenciam dos outros tipos pois sua maior vontade é achar conexões entre as cartas.
Offbeat Designers
Esse tipo de jogador geralmente aparece com decks realmente estranhos, mas eles começam de um ponto diferente. Ao invés de serem atraídos por cartas, eles são atraídos por idéias. E se o deck tiver apenas terrenos? E se o deck nunca jogar uma permanente? E se o deck roubar tudo o que o oponente jogar?
A diferença entre o Combo Player e o Offbeat Designer é pequena, mas importante. O primeiro quer provar a habilidade de encontrar uma agulha no palheiro. Já o outro quer provar a sua habilidade de achar uma resposta para qualquer desafio.
Deck Artists
Esses também montam decks, mas de uma maneira diferente. Ele não está tentando achar alguma coisa ou demonstrar alguma coisa. Ele quer usar a montagem de deck como uma forma de arte auto-expressiva. Seus decks tendem a mostrar e apreciar a cultura dos elfos, ou representar “O Império Contra Ataca” ou jogar de uma maneira onde o oponente possa apreciar a minuciosa escolha das cartas.
O Combo Player e o Offbeat Designer estão mostrando o que eles estão fazendo. O Deck Artist está mostrando como ele está fazendo.
Uber Johnnies
Esses caras estão aqui para provar que quem disse que algo não pode ser feito, estava errado. Para eles, não existe uma carta completamente ruim. Nenhum tipo de deck é ineficiente. Nada está fora dos limites.
Eles vivem para demonstrar que eles podem encontrar o sucesso onde todos falharam. Sim, esse é o grupo que faz com que sejam feitas cartas como Denizen of the Deep.
Antes de finalizar a descrição dos Johnnies, vamos deixar claro que eles não são restritos à construção de decks. Eles podem usar várias maneiras para se expressar, seja na escolha de um formato, ou estilo de jogo, ou até mesmo fichas. A missão comum para todos eles é mostrar algo deles para o mundo. O que eles querem mostrar varia monstruosamente, mas todos praticamente ficam gritando: “Olhe para mim, mundo! Olhe para mim!”
SPIKE
E os Spikes? Esses jogam para provar algo, primeiramente para provar o quão bom ele é. Esse jogadores tem o jogo como um desafio mental que pode definir e demonstrar suas habilidades. Eles tem a sua satisfação na vitória pois só assim podem mostrar do que eles são capaz. Qualquer coisa que são seja a vitória é fracasso e é onde ele começa a se julgar novamente.
O que separa os grupos desse estereótipo é como eles escolhem tentar e dominar. Diferentes Spikes se focam os diferentes aspectos do jogo.
Innovator
Esse grupo é o que mais se aproxima das sensibilidades dos Johnnies. Eles tem prazer em julgar as cartas. O seu objetivo é conseguir identificar qual será a boa do momento. O sonho deles é encontrar o próximo deck dominante. Ele quer quebrar o formato. E como os Johnnies, ele quer créditos.
Por estar focado em descobrir as novas cartas poderosas, ele gasta grande parte do seu tempo tentando entender todas as mecânicas. Se alguma coisa já foi forte, então com certeza a Wizards pode fazer o mesmo erro futuramente. Por ser o grupo que mais tem vontade de entender as regras e jogadas, eles também são os que mais se interessam pelas teorias de jogo. Eles querem entender coisas como card advantage e utilidade pois é esse conhecimento que vai presentea-lo futuramente.
Tuner
Esse grupo não tenta inovar. Eles tentam melhorar o que os inovadores criaram. Uma vez que um deck é produzido, eles gastam um longo tempo em melhorá-lo. Procuram entender sobre as jogadas e os motivos de cada carta no deck e tentam tirar a maior vantagem possível das cartas em sua mão.
Eles usam a sua esperteza para entender coisas que ajudam a otimizar o deck como base de mana, número de cartas e a tecnologia no sideboard. Os Innovators tem a surpresa ao seu lado. Já esses tem a eficiência
Analysts
Esses sentam e coletam informações mas para um tipo de vantagem diferente. Eles são focados no metagame. Eles não procuram vencer tendo o melhor deck, mas sim tendo o deck mais preparado para as situações que ele pode encontrar. Todos os decks tem uma fraqueza. Se você consegue entender elas você pode perceber como ganhar desses decks.
Eles pensam em como o seu deck vai se sair no ambiente que ele espera encontrar. Para ajudar nisso, ele é extremamente focado no seu sideboard. Com apenas quinze espaços a ser preenchido, ele fica horas estudando as cartas que podem ser usadas contra o que ele espera enfrentar.
Nuts & Bolts
Agora vamos além das listas e dos ambientes. Esse tipo de Spike foca sua energia para ter um jogo perfeito. Acreditando que a chave para a vitória é um jogo sem falhas, eles tentam entender e melhorar seus próprios pensamentos e estratégias.
Por ter esse foco, esse tipo de jogador gasta mais tempo em formatos limitados, já que eles oferecem mais oportunidades para melhorar suas habilidades. Isso se da ao fato de que formatos limitados são mais variados e tem um nível de poder mais variado. Alguns deles até se focam em outros formatos, mas é uma minoria.
A coisa mais importante para se entender em um Spike é isso: para eles, esse jogo serve para testa-los. Assim, eles atingem seu objetivo quando demonstram o seu progresso. Na maioria das vezes isso significa vencer, mas eles conseguem se satisfazer de outro jeito. Por exemplo, mesmo não ganhando eles podem se gabar de quão bem ele jogou durante a partida.
HÍBRIDOS
Timmy/Johnny
Agora abordando os híbridos Timmy quer experimentar algo novo. Johnny quer expressar algo. Junte os dois e você encontra alguém que quer mostrar para todos o quão divertido o jogo pode ser.
Timmy/Spike
Aqui temos um dilema. Ele quer ganhar, mas também quer se divertir. Para resolver isso, ele procura o deck mais divertido entre os decks viáveis para jogar um campeonato. É aquele jogador que quer usar um dragão em seu deck, mas um dragão que faça sentido.
Johnny/Spike
Esse aqui quer ganhar. Mas quer ganhar com estilo. São aqueles que montam os decks rogues. São aqueles que aparecem com idéias estranhas mas que realmente podem funcionar. E mais que isso, eles jogam com essas idéias.
Timmy/Johnny/Spike
Timmy/Johnny/Spike quer isso tudo. Ele quer provar que pode vencer enquanto está sendo inovador e ainda se divertindo! É uma personalidade difícil pois é muito difícil se focar entre todos esses desejos. A maioria dos jogadores pendem para um ou dois perfis, mas realmente existem alguns que entram de cabeça nesses três de uma vez.
Existe mais dois tipos além desses abordados: Vorthos e Melvin. Porém eles não são exatamente tipos de jogadores, mas sim de pessoas que convivem com Magic de outra maneira (não, não estamos falando de sua namorada nem de seus pais).
MELVIN
Melvin aprecia algo quando esta coisa se encaixa bem na estrutura de algo maior, e ele consegue enxergar esta relação. O Melvin gosta de clareza, consistência e interconectividade, ele se importa com regras, conceitos abstratos nos quais o jogo se encaixa, os limites do jogo e suas regras. Ou seja, Melvin é o perfil que é associado aos jogadores que tem o pensamento mais concreto, preciso e baseado em fatos. Antes de explicar como são criadas cartas para o Melvin, é necessário distinguir aqui novamente os esteriótipos dos perfis de apreciação. Quando são criadas cartas para os esteriótipos, os critérios são baseados em como a carta é utilizada durante o jogo. Por outro lado, os critérios não são baseados apenas em como a carta é durante o jogo, mas também em como a carta é apresentada, como ela é inserida em seu meio, como as regras e atributos da carta se conectam, entre outros.
Para o Melvin, as cartas precisam:
- Possuir regras que combinem com o conceito que a carta carrega;
- Serem elegantes (ou seja, suas regras são simples e sutis mas ainda profundas);
- Serem diretas (faz parte do elegante), não fiquem enrolando para fazer o que fazem;
- Possuir regras que interagem com sinergia, para elevar o valor da carta.
Ou seja, o jogo é uma construção e o Melvin gosta de olhar a planta, para procurar os detalhes de sua criação e a beleza através das escolhas das regras feitas e isso frente ao conceito geral de tudo.
VORTHOS
Agora que conhecemos o Melvin fica fácil imaginar o que representa o perfil Vorthos. O jogador com a essência Vorthos precisa de ter uma impressão boa da carta, de sentir que tudo faz sentido (aqui eu digo as regras, a ilustração, o nome, o texto de rodapé, etc). É por isso que o Vorthos, em geral, se preocupa mais em elementos de ambientalização das cartas. Tudo está tão atrelado às regras que fica muito difícil diferenciar as cartas que agradam ao Melvin e ao Vorthos. Mas não são apenas as regras que importam, como disse acima, talvez mais importante do que as regras sejam o texto de rodapé, o nome e outros elementos que servem para alimentar o imaginário da pessoa... e não a lógica e o senso de abstração que o Melvin procura.
Eis algumas cartacterísticas que as cartas que o Vorthos gosta precisam ser:
- Cartas que representem algo interessante e que usem tudo o que tem disponível para tal;
- Cartas que aliam as regras a todos os elementos de ambientação;
- Cartas que colocam o jogador no mundo da fantasia;
- Cartas em que todos os elementos estejam em harmonia.
No final das contas, o Vorthos quer olhar para carta e sentir que tudo está bem encaixado. Gigantes devem ser bem mais fortes do que humanos normais, mas ao mesmo tempo uma espada muito pesada deve reduzir a agilidade do espadachim.